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Escrita performativa

O resultado do facebook me ter apagado a conta do instagram sem nenhumas explicações para além da evocação dos nebulosos termos de serviço é que, mesmo que recupere a minha conta, nunca mais vou pôr conteúdo original que possa perder por lá. Ou, já agora, no Facebook . Arquivo quase tudo o que me importa. A maioria da minha escrita é feita para pensar. Considero-a como uma forma de esquiço que funciona melhor quando é público. Outra função da escrita que é para mim importante é a tentativa de esquecer, no sentido de processar um assunto «arrumando-o». Ou seja funciona como um registro mas por isso mesmo também é algo que deixo para trás. Não é necessariamente algo a que precise de voltar, basta ter por lá passado e ter dado aqueles passos, resolvido aquele puzzle.

O que gostava no instagram – já escrevo no pretérito – era a visualidade da coisa, ser uma performance acima de tudo visual, ou que comentava por escrito essa visualidade, onde as pessoas comunicam pela imagem ou, mais concretamente, por agregados mais ou menos pré-fabricados de imagem fotográfica, desenhada, textos, etiquetas, etc. Também havia nisso a ideia de registrar algo, performando-o e de certo modo pondo-o para trás das costas. A crítica, para mim, tem que ver com isso, com a experiência de processar experiências.